Acessível e largamente defendida como actividade que faz bem à
saúde e emagrece, a corrida de rua tem atraído multidões. O problema é que, sem
orientação adequada, muita gente comete erros de treino. Um estudo feito com
115 praticantes recreativos de corrida mostrou que 37,7% já tinham sofrido
alguma lesão. As de joelhos são as mais comuns. Outro estudo estima que 60%
dessas lesões são causadas por erros de treino.
Em uma hora de corrida, bate-se o pé no chão
cerca de 6 mil vezes. A cada passada, os pés “apanham” com uma força
equivalente a pelo menos uma vez e meia o peso corporal. Como o esqueleto
humano não é feito de titânio, essa agressão gera consequências. O impacto não
é um vilão por si só. Maratonistas e ultramaratonistas profissionais conseguem
sobreviver bem a ele com a preparação adequada.
O problema é aventurar-se em treinos
intensivos com metas imprudentes – como sair do sedentarismo para as corridas de
rua ou inscrever-se para a primeira maratona um ano depois. Segundo um estudo
da Faculdade Estadual da Califórnia, cerca de 60% das lesões são decorrentes destes
erros.
Um erro comum é basear-se somente em ganhar rotina
para correr mais e mais. Como o trabalho cardíaco melhora em cerca de três
semanas, o ex-sedentário tende a sentir-se atleta precocemente. Mas os músculos
levam cerca de três meses e as articulações precisam de nove a 12 meses para
alcançar uma boa performance.
Desrespeitar esse prazo é pôr o esqueleto em risco. “É como acelerar um carro
que tem um motor bom e uma suspensão má”!!!
A maior parte das pessoas acham que um
alongamento antes e outro depois é suficiente, por vezes até o facto de acharem
que se correrem devagar não é preciso…. Algumas lesões são provocadas por
desleixo nessa área. O ideal é sempre contrabalançar com alguns exercícios que
envolvem musculação, ou natação e bicicleta… Para os mais exigentes exercícios
educativos para correcção da técnica da passada, sessões de massagem e exames
periódicos.
O ideal é que a distância total não aumente
mais que 10% de uma semana para outra e que ela não ultrapasse 64 quilómetros….
É no repouso que acontece o benefício da actividade
física. O treino é uma agressão. Na recuperação, enzimas voltam ao lugar, a
energia é devolvida aos músculos. O descanso é um treino invisível.
A função principal do “longão” é
trabalhar a resistência, não a velocidade (para isso servem os treinos
intervalados). Portanto, acelerar feito um louco nesse treino mais longo da
semana é o típico erro dos corredores mais ansiosos. Se acelerar demais o
corredor ficará cansado e o efeito do treino perde-se em parte….mas existe
também o outro lado, se for muito lento em relação à velocidade que se está
habituado, podem surgir dores, por causa da diferença de ritmo. Dose certa e
lembrar sempre da frequência cardíaca.
De
acordo com o ortopedista Alexandre Sadao, do Instituto Vita, é importante ficar
perto de 75% da FCM (frequência cardíaca máxima). “Acima disso, o risco de
lesão aumenta, pois estará exigindo muito do corpo”.
Apenas corredores em níveis mais avançados podem trabalhar a
velocidade e acelerar um pouco mais no longão. Os chamados "longões progressivos" são
usados por corredores experientes para trabalhar velocidade e resistência ao
mesmo tempo. Em um treino de 30 km, por exemplo, o atleta pode aumentar a cada
5 quilómetros a velocidade até chegar nos 5 finais com o ritmo pretendido para
a maratona.
Quem treina para a primeira
maratona deve ficar mais preocupado em manter a frequência controlada nessa
faixa de 75% da FCM. Os que estão procurando melhorar o tempo da maratona podem
colocar mais qualidade no longão e elevar um pouco mais a frequência em alguns
desses treinos.
Dois exemplos:
Mário Sergio Andrade Silva, director técnico
da assessoria desportiva Run&Fun, conta que, por causa do crescente número
de lesões entre seus clientes, foi preciso fazer uma campanha interna de
conscientização para convencê-los a obedecer ao planeado e adiar a meta de cumprir
uma maratona. Muitos detestam ambientes fechados e só aceitam treinos ao ar
livre, por isso fogem da musculação. Mas ela é uma das grandes responsáveis
pela protecção de músculos, articulações e ossos contra lesões.
Quem se machuca por causa da corrida muitas
vezes reconhece ter sido negligente, mas lamenta não ser capaz de correr ainda
mais. A personal trainer Carla D’Alessio, de 41 anos, diz que corre há 20 anos
e já se lesionou muito. Por todo esse tempo, Carla conta que foi levando as
dores na base do gelo e do anti-inflamatório – uma prática muito comum, aliás.
Até que ela resolveu fazer duas maratonas num intervalo de seis meses. Depois
dos 40, com pernas menos jovens, músculos insuficientemente fortalecidos e
articulações fragilizadas pela colecção de lesões, emendar dois períodos de
treino e duas provas bastante agressivas foi a gota-d’água. O resultado foi uma
inflamação no tensor da fáscia lata (tendão na lateral externa da coxa) e uma
pré-fractura na crista ilíaca (osso do quadril). “A gente só para quando se
ferra”, diz Carla.
Fontes:
Para mim tudo se centra na falta de acompanhamento desportivo e médico que devia ser acessível a todos.
ResponderEliminarCom alguma orientação depois a pessoas já pode treinar sozinha.
Felizmente tive acompanhamento no inicio da minha vida de atleta de pelotão ( e ainda hoje tenho se necessitar ) mas medico é que é algo muito complicado mesmo!...
Se o estado investisse mais no desporto para todos gastava muito menos em saúde e tinha uma população mais produtiva e feliz. Isso se tivesse-mos um governo como deve ser e não um bando de terroristas engravatados e eleitos por uma povo de memoria curta e inteligência escassa!
Grande texto, está tudo muito certo, temos que saber as linhas com que nos cosemos...
ResponderEliminare a tua perninha como está??
No domingo a coisa foi forte não??
beijinho
Olá, é bem verdade o que refere, temos de ter algumas cautelas , e sem conhecimentos técnicos às vezes pensamos que estamos a fazer bem e só estragamos
ResponderEliminarbons treinos...
Excelente ideia em ter trazido o tema à baila, Henriqueta. Isto é mesmo verdade e mesmo com todo o cuidado o risco não é zero (eu sou um exemplo disso mesmo e nem cheguei a fazer a Maratona).
ResponderEliminarBacana seu texto Heriqueta.
ResponderEliminarFábio
www.42afrente@blofgspot.com
Estou em preparação para minha primeira maratona,e aprendi muito com o post.
ResponderEliminarBons treinos!!
Henriqueta,
ResponderEliminarUm bom artigo. Resume muito bem o essencial a tomar em consideração no treino da maratona. Tenho tomado estes aspectos em consideração, mas mesmo assim aconteceu a lesão na minha Maratona de Amsterdam. É importante apurarmos bem estes aspectos, para tornar uma maratona uma corrida muito agradávél.
Beijinho
Xavier